sábado, 3 de março de 2012

Arquitectos explorados (também) pelo Estado

Modulor- Corbusier



O Presidente da Ordem dos Arquitectos, João Belo Rodeia,  adjectivou de "inaceitável e incompreensível" remunerações fixadas pela Direção Geral dos Impostos para os peritos avaliadores de casas e pede ao ministro das Finanças que reveja o despacho.
O que está em causa é o despacho porque representa uma depreciação de aproximadamente 37% do valor fixado em Junho de 2011 que, por sua vez, era já inferior ao valor de 2009, o que significa que os Arquitectos passam a receber cerca de 5 euros/hora nas avaliações de imóveis.

Não nos podemos esquecer que foi a Troika que exigiu que 5 milhões de imóveis fossem reavaliados este ano, e que é a mesma Troika que "orienta" os cofres do Estado. Ora, a primeira entidade que deveria impôr-se contra esta exploração de trabalhadores portugueses seria o próprio Governo... Mas mais uma vez, o que impera é a redução do nível de vida dos trabalhadores portugueses.

O Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, afirmou que esta significativa redução de remuneração poderá concorrer para a redução da qualidade de um trabalho que deveria ser altamente especializado.

Esta situação, diz ainda Carlos Matias Ramos, “poderá contribuir para a descredibilização deste processo e originar reclamações em quantidade descontrolada, que conduzirão a segundas avaliações, com os inerentes encargos adicionais para o Estado e para os particulares, isto é, para todos. O barato sai caro”.
 Depois de já ter sido previsto que 40% dos Arquitectos estavam em risco de ficar sem trabalho (em Novembro de 2011), o Presidente da Ordem dos Arquitectos vem impôr-se (e bem!) contra esta exploração dos referidos profissionais: no ponto 2 da nota informativa da Ordem dos Arquitectos pode ler-se:
"Não é aceitável que, diante de tal quadro de responsabilidade e exigência, não lhes sejam garantidas condições condignas para o seu desempenho técnico, tanto mais quanto se trata de profissionais sujeitos à regulação das suas Ordens Profissionais".


Fica a pergunta: onde está esta reacção quando não é o Estado, mas outros Arquitectos a pagar aos seus colegas profissionais os "inaceitaveís e incompreensiveís" 5 euros/hora, muitas vezes a falsos recibos verdes?!

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