segunda-feira, 2 de abril de 2012

Proibido estar doente!


Os portugueses são uns sortudos por terem um governo que se preocupa tanto com os mais desfavorecidos e os mais frágeis. Mas afinal quem são os mais frágeis? Os doentes não podem ser. Esses são uns privilegiados que, imagine-se, até têm direito a um subsídio de doença para poder estar sem fazer nada e receber uma parte do salário.  E nem é preciso ser uma doença incapacitante, tipo partir as duas pernas, basta “apenas” uma depressão para poder ser dada uma baixa durante tempo indeterminado. Sim, porque são os próprios doentes que se diagnosticam e passam as suas próprias baixas.

Este governo vai acabar com estes “piegas” (palavras do Pedro Nunca Adoece Passos Coelho) devagarinho. Primeiro aumentam-se as taxas moderadoras, que é uma medida 2 em 1: é uma fonte de receita que permite financiar o próprio sistema de saúde e continuar a manter os salários dos magníficos gestores hospitalares; os piegas que podiam pensar em ir ao centro de saúde ou ao hospital quando sentem alguns sintomas vão pensar duas vezes antes de falar com o médico, e se não falarem com o médico não há hipótese de haver diagnóstico clínico, nem baixa, nem internamento, nem de gastar recursos do Estado, e ainda serve para disfarçar a desorganização do SNS, pois se houver menos gente a utilizá-lo até parece que as coisas funcionam mais ou menos. 

Mas então e aqueles que têm a audácia de ir mesmo ao médico por estarem mesmo doentes? É preciso motivá-los a voltar ao trabalho (os que o tiverem) o mais rápido possível, por isso descem-se os subsídios de doença. E se isso não for suficiente? Então que se proíba estar doente.
Aqueles que se congratulam com estas noticias, por supostamente apanhar os vilões que se fingem doentes, que tenham a sorte de nunca ficarem doentes, porque há pessoas neste país que já perderam esse direito.

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